Pessoas solteiras que sofrem de insuficiência cardíaca têm maior probabilidade de morrer jovens do que indivíduos que têm a mesma condição, mas são casados. É o que apontou um estudo apresentado recentemente no Congresso Europeu de Cardiologia em Madri, na Espanha – junto de teorias sobre o porquê disso acontecer.
Como ser solteiro aumenta o risco de morte
De acordo com pesquisadores do Hospital Universitário de Würzburg, na Alemanha, as interações sociais que são parte inevitável do casamento podem ajudar as pessoas a se recuperarem de um ataque cardíaco, por exemplo, e seus cônjuges auxiliariam na proteção e nos cuidados gerais com a saúde de seus pares.
Para o estudo, pesquisadores avaliaram 1.022 pessoas que foram hospitalizadas por problemas cardíacos graves entre 2004 e 2007. Dos 1.008 pacientes que contaram à equipe sobre seu estado civil, 63% tinham um parceiro, enquanto 37% eram solteiros. O grupo de solteiros incluía 195 viúvas, 96 pessoas que nunca haviam se casado e outras 84 separadas ou divorciadas. Neste contexto, responsáveis pelo estudo mediram eindices como qualidade de vida, autonomia e limitações sociais com um questionário.
A limitação social se refere ao nível de comprometimento que a doença gera na capacidade de interagir socialmente, praticar hobbies ou visitar familiares e amigos. Enquanto isso, a autonomia descreve a percepção do paciente sobre sua capacidade de prevenir o agravamento da insuficiência cardíaca e gerenciar possíveis complicações.
O trabalho científico mostrou que pessoas casadas e solteiras tinham a mesma qualidade de vida, mas o grupo de solteiros teve pior pontuação em limitações sociais e autonomia em comparação com o de casados. Durante dez anos de acompanhamento, 67% dos pacientes morreram – e, neste contexto, foi observado um risco maior de morte entre os solteiros. Na análise, pessoas viúvas demonstraram ter o maior risco entre todas.
Os pesquisadores concluíram, com isso, que a solteirice pode colocar as pessoas com doenças cardíacas em maior risco de morte por complicações cardiovasculares, bem como de outras doenças.
Em um comunicado publicado no site da Sociedade Europeia de Cardiologia, Fabian Kerwagen, principal autor do estudo, afirmou que o apoio social ajuda as pessoas a gerenciar as condições de longo prazo. “Os cônjuges podem auxiliar na adesão aos medicamentos, incentivar e ajudar no desenvolvimento de comportamentos mais saudáveis, o que pode afetar a longevidade”, declarou.